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SUPERAÇÃO

Aos 54 anos trabalhador rural sonha em concluir a Educação Básica na EJA

Morador do povoado 1.700, Francisco de Assis Lima diz que ir à sala de aula é um desafio diário.

Publicado em: 10/05/2018 por João Rodrigues

Secretaria de Educação

Aos 54 anos trabalhador rural sonha em concluir a Educação Básica na EJA

O lavrador que cultiva plantações de arroz, feijão, milho e macaxeira diz que ir à sala de aula é um desafio diário. (Foto: Patrícia Araújo)

Casado e pai de um casal de filhos com 29 e 26 anos respectivamente, aos 54 anos seu Francisco de Assis Lima, é exemplo de persistência quando o assunto é estudar. Como aluno mais velho da Educação de Jovens e Adultos da Escola Municipal Afonso Pena, no Povoado Km 1.700, o lavrador concluiu o ensino fundamental no projeto há 8 anos, mas em fevereiro resolveu retornar para terminar o ensino médio.

O homem de poucas palavras disse ter consciência sobre a importância dos estudos, mas teve de decidir entre estudar e trabalhar e acabou ficando com a segunda opção. A falta de recursos para pagar a Caixa Escolar, uma taxa que era cobrada para manutenção das escolas públicas na década de 1970, foi outro fator que pesou para a desistência dele da sala de aula. 

Com a chegada das turma nas modalidade EJA ao povoado Km 1.700 onde ele mora desde 1976, quatro anos após chegar com seus pais ao Maranhão procedentes de Parambu (CE), ele finalmente realizou o sonho de concluir o Ensino Fundamental. Com o retorno do programa ao povoado, ele resolveu se matricular este ano para concluir o Ensino Médio.

O homem que fala tranquilo e com pausas, tem sonhos mais altos, mas é cauteloso. Perguntado se teria planos para fazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio, Enem, após o curso foi evasivo. “Olha vai depender da situação em que eu tiver na época porquê apesar de tudo eu vivo hoje e o amanhã, mas com calma”, disse.

O lavrador que cultiva plantações de arroz, feijão, milho e macaxeira fez questão de dizer que voltou a estudar por uma iniciativa pessoal, a qual conta com apoio de sua família. No entanto, lembrou que ir à sala de aula é um desafio diário.

“O povo diz que a Educação faz uma nação, então vou melhorar, tentar ver o que vem para frente até o final. É difícil para danar porque tem que manter despesas de casa e gente passa o dia no sol e à noite está com o corpo todo doído, mas não sabe o que vai cair na aula amanhã e, para não atrasar vai para a aula. Mas dá cansaço”, revelou.

Dentre as dificuldades que ele, também disse enfrentar, estão as tarefas que vêm se acumulando. “Estamos há dois meses e até agora não consegui adaptar direito o trabalho da sobrevivência com o trabalho da escola”.

Superação

Apesar das dificuldades, seu Francisco não se deixa abater, e ainda, tira onda da situação. “Quando falei que ia voltar a estudar teve gente que disse que eu já estou velho e eu disse, de qualquer maneira velho vou ficar e resolvi voltar” disse, para em seguida arrematar: “O pessoal diz que papagaio velho não aprende a falar, imita, é o que eu estou fazendo aqui”, concluiu em tom de brincadeira.

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